De interese

26/07/2011

O imprescindível


por Nemésio Barxa
Membro do Grupo Promotor de Sermos Galiza

Um país normalmente artelhado precisa de uma imprensa nacional que reflita as necessidades e inquedanzas da população, que informe das propostas do governo para resolver esses problemas ou dos seus legisladores para avançar de futuro no estado do bem-estar, transmita notícias a respeito da marcha dos assuntos nacionais e também do resto do mundo.

Na Galiza, que tivo no passado abundantíssimos projectos jornalísticos, que não passaram de localistas, não chegou a alcançar o jornal nacional, o jornal galego, que respondesse a critérios de país. O jornal -ou jornais- que respondam a critérios de "país" tem de passar por utilizar a língua própria do país; e pode que a escrita em galego disuada a muitas pessoas, tendo em conta que dada a escolarização em espanhol á que todos fomos submetidos e a sua presença dominante em todos os aspectos da vida, dificulta a leitura. Mas se conseguimos que esse jornal seja realmente de interesse para a população o idioma nunca constituirá barreira para seu consumo.

A existência de uma raquítica imprensa em galego, possibilista, fundamentada mais no entusiasmo pessoal (como A Peneira), no transitório concerto de grupos de amigos ou no empenho colectivo, pode adormecer o sentimento, por outra parte sempre presente, de abordar com seriedade a criação de um grupo editor (possibilidade que deixou passar o bipartito) galego e independente.

A miséria da imprensa galega (falamos da que se publica na Galiza, ainda que de galega não tem nada) resulta evidente, vivendo do poder e a ele submetida. Os grandes problemas de país não têm apenas eco. Pode descartar a Xunta ajudas para limpar o monte "porque el desbroce no evita fuegos" e dizer o Conselheiro do Meio Rural que o feito de que não se limpem os montes não influi na proliferação de incêndios, sem que ninguém lhe replique, porque confrontar-se poderia significar perdas de ajudas económicas; nem neste verão nem no passado se deram cifras de incêndios ou de hectares de monte queimados, nem se deu publicidade ás protestas dos trabalhadores de incêndios nem ás manifestações dos policias autonómicos de que a Xunta os pressiona para "inflar" imputados por lumes. Reduzem postos de trabalho, desinvestem em políticas sociais, retiram ajudas dadas para a normalização lingüística, agridem a nossa língua... E não se reflecte a lógica indignação nos jornais. Esse vem sendo o cacarejado aforro.

E falando de aforros, que conhecimento temos das manobras para deixar a Galiza sem Caixas de Aforros? Como manobrou o Senhor Presidente da Xunta para tirar-lhe á Galiza seus aforros? Tampouco a imprensa que nos (des)informa neste país contou rem, a não ser o jornalista Sánchez de Dios no seu recuncho de Faro de Vigo, que deu algumas claves.

E que chegamos a saber do concurso eólico, anulado pola Xunta por supostas ilegalidades que logo resultou que não existiam, segundo resolução do TSJ, mas que lhe serviu para favorecer os seus amigos?

Se tivéssemos uma imprensa independente hoje poderíamos ter conhecimento destes dados e muitos mais, desenmascarar os que presumindo de amantes de Galiza estão afundindo a sua economia, a sua pessoalidade, o seu prestígio... E poderíamos formar consciência cidadã para nos opor aos escuros e interessados desígnios dos que seguem a chuchar as potencialidades (humanas, económicas, intelectuais, de aforro, etc) da nossa Galiza.

Para isso precisamos colaborar activamente neste projecto comum de uma imprensa própria de Galiza.

1 comentário:

  1. É un pracer ler un discurso como o do Nemésio Barxa, que non abunda neste país.
    Dá toda a impresión de ser o proxecto que estamos necesitando. Oxalá saia ben! Ánimo!

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